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sexta-feira, 31 de março de 2023

À Sombra do Amor

O amor não se difere do ciúme;
No coração confuso de um louco;
Há uma paixão intensa que persiste;
E um medo de perder o que nunca se teve.

O ciúme pode ser um fogo que arde;
Mas não ilumina o caminho do amor;
No fundo, é a sombra que invade;
E apaga a chama com seu rancor.

Dois seres, presos nessa corrente;
Elos de rejeição em um amor intenso.
Você e eu, num passado tão presente;
Ecos de um futuro cada vez mais tenso.

Amor e ciúme caminham lado a lado;
Na mente obscura de um louco;
Há uma luta intensa que persiste;
Em vencer o que jamais será vencido.

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Fim de Tarde Dominical

 

O sol vai se enterrando no horizonte,

E a tarde vai se matando aos poucos,

O céu troca seu azul por cores indefinidas,

E meu coração bate mais lento.

 

O silêncio não se interrompe com nada,

Ele se completa com o som dos pássaros,

E meu coração começa a se confessar,

Sobre tudo o que sentiu durante o dia.

 

Babaji volta para seu lar na montanha,

Caminhando pela trilha que só nós vemos,

E eu me preparo para a vida que se inicia,

Numa semana cheia de planos e sonhos.

 

O cheiro de um jantar invade minhas narinas,

Uma saudade umedece meus embaçados olhos,

Não há prato na mesa nem alguém na sala,

Há apenas um convite para descansar e dormir.

 

E assim, termina mais uma tarde dominical,

Com a mesma beleza melancólica de sempre,

Que me faz apreciar a vida do meu jeito,

Sem agradecer, sem orar, apenas amando.


Autor: Marcelo Maia

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

O Vento e O Vulto

 


 

O sábado anoitecia sem eu ouvir seu toque,
sem sentir sua voz, sem ler seu olá;

Alguém bateu fortemente em minha porta,

mas não era você; era só o vento.

 

O domingo suicidava e eu sorri por seu voto

Sem ver seu rosto; sem sentir seu olhar;

Alguém me sorriu como se fosse a sorte,

mas não era você; era só um vulto.

 

 A sexta-feira de repente voltou em mim,

mas eu não pude voltar naquele dia,

Para calar meu erro; iluminar minha cidade

e ouvir você; não só o vento.

 

A segunda-feira pode chegar e trazer o fim,

mas que seja o fim dessa dor; da minha agonia;

Que ela mate seu silêncio e minha saudade,

e eu veja você; não só um vulto.


Autor: Marcelo Maia 

 

 

 

sábado, 19 de dezembro de 2020

Eterno Circular

 

            

Todas as vezes que eu me desperto na beirada;

Finjo que estou dormindo, com os olhos calejados;

Vejo-os sempre correndo de um lado para o outro;

Sempre como pontos imóveis de uma mesma linha.

 

Algumas vezes eu tentei ir com você nessa estrada;

Mas era impossível andar com os pés lacrimejados;

Afundados nos farelos que você deixava pra trás;

Restos de um banquete em que a morte era rainha.

 

Agora, tudo o que desejo são asas e um pouco de luz;

Não para chegar aonde você e eles nunca chegarão. 

Mas para levá-la ao lugar que não existe sem você;

Onde seus pés estarão livres do seu eterno circular.

 

Seus passos são pregos no meu corpo sobre a cruz;

Como eu anseio descer daqui sem olhar para seu chão;

Queria eu voar e sair do seu caminho sem me perder;

Mas meus olhos estão presos ao seu eterno circular.

 Autor: Marcelo Maia    

           

 



                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

O Mundo de Apenas Ela


A luz do sol atravessou a janela do quarto incolor;
E a trouxe do mundo repleto de cor e de vidas.
O outro lado da cama, arrumado e vazio;
Trouxe-a de volta para o mundo de apenas ela.

Vinha das ruas, o som de um verão atormentador; 
E um forte cheiro de urina de diversas bebidas.
Apesar do sol de janeiro, o seu corpo estava frio;
Nada a aquecia naquele mundo de apenas ela

A água do café evaporava na velha chaleira vermelha;
Enquanto ela se ajoelhava, olhando para a porta;
Esperando alguém virar a maçaneta e entrar sorrindo;
Mas no fundo tinha certeza de que ele jamais voltaria.

Um hálito quente de tutti-frutti soprou em sua orelha.
Ela bebeu dois goles de café com um pedaço de torta.
Ouviu passos na rua e pensou que ele estivesse vindo;
Mas com certeza ela sabia que ele nunca mais voltaria

Assim como seus olhos, o tempo ficou nublado.
Apressada, ela dividiu seu café com o ralo da pia;
Foi ao quarto e se vestiu de passado, mofo e traça;
Olhou-se no espelho, interpretando-se jovem e bela

Atravessou a larga avenida para ver o outro lado;
As vidas pareciam-lhe bem menores naquele dia.
Os pedestres, os jornais, os sorrisos; nada tinha graça;
Por isso voltou e comemorou o  mundo de apenas ela.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Divinal



Tudo que me aparece
Sempre esteve aqui
Mas nunca esteve por perto
Pois está sempre aí
Tudo que aparece, alerta.

Tudo que se esquece
Sempre me lembro aqui
Mas nunca estive tão certo
Pois sempre me lembro daí
Tudo que se esquece, desperta.

Tudo que me enlouquece
Acho que está vindo daí
Pode ser algo bem confiante
Ou pode não estar nem aí
Tudo que  me enlouquece, acalma

Tudo que me apodrece
Pode até ter vindo daí
Ou pode estar tão distante
Ou bem próximo daqui
Tudo que apodrece, é minh'alma.


Autor: Marcelo Maia

sexta-feira, 3 de maio de 2019

Nos Jardins de Atlântida


Seus lábios nervosos acalmaram meus ansiosos beijos;
Você parecia ser a mulher que eu sempre procurei;
A água agitada que flui tranquila em um rio turbulento;
E mata minha sede sem eliminar meus sedentos desejos.

Suas palavras me ergueram ao teto do meu universo;
Você se disfarçou de tudo aquilo que sempre sonhei;
A brisa que sopra calma em uma tempestade de vento;
E refresca meu corpo sem apagar meu fogo controverso.

Não acreditei que aquilo realmente estava acontecendo;
Seu canto me atraia mais que minhas tentações; 
Em tudo que fazíamos eu sentia longevidade;
E o que morrera um dia, em você estava renascendo.

Tremi diante da sua ameaça de me fazer feliz;
Prometendo-me um mundo além das sensações;
Confrontei com minha descrença na felicidade;
E acreditei que você fosse tudo o que eu sempre quis.
                                

Autor: Marcelo Maia